segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pra quem quiser assistir, eis o link....



Uma indicação de filme cronicamente inviável...


O filme "Cronicamente Inviável" narra trechos das histórias de vida de seis personagens (Alfredo, Amanda, Adam, Carlos, Luis e Maria Alice), mostrando a dificuldade de sobrevivência mental e física em meio ao caos da sociedade brasileira, que atinge a todos independentemente da posição social ou da postura assumida. Estas situações têm como fio condutor um restaurante num bairro rico de São Paulo, que é de propriedade de Luis (Cecil Thiré). Ele é um homem de meia idade, refinado, acostumado com as boas maneiras, mas ao mesmo tempo irônico e pungente. Alfredo (Umberto Magnani) é um escritor que está realizando um estranho passeio pelo país, buscando compreender, a partir de uma visão ácida da realidade, os problemas de dominação e opressão social. Adam (Dan Stulbach), recém chegado do Paraná, é o mais novo garçom do restaurante de Luis, e se destaca dos demais empregados por sua descendência européia, tanto por seu aspecto físico, quanto por sua boa instrução e insubordinação. Maria Alice (Betty Gofman) é uma carioca classe média-alta que está sempre preocupada em manter o mínimo de humanidade na relação com as pessoas de classe mais baixa. É casada com Carlos (Daniel Dantas), um homem com uma visão pragmática da vida, que acredita na racionalidade como forma de tirar proveito da bagunça típica do Brasil. Amanda (Dira Paes), gerente do restaurante de Luis, é uma pessoa cativante, com um passado incerto, encoberto pelas várias histórias que costuma contar para os amigos e os refinados clientes do restaurante. 

O filme mostra trechos das histórias de 6 personagens, mostrando a dificuldade de sobrevivência mental e física em meio ao caos da sociedade brasileira, que atinge a todos independentemente da posição social ou da postura assumida.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

E o vento nos levará....


Esse vídeo é muito bom pra quem deseja dar uma refletida sobre a vida e as coisas da existência...




 Colherzinha de sopa, deixo aqui a tradução da letra.

 

O Vento Nos Levará

Eu já não tenho medo do caminho
É preciso ver, é preciso provar
Do espaço vazio que há em seu peito
E tudo ficará bem


O vento nos levará


Seu pedido para a Ursa Maior
E a trajetória da sua raça
Um momento confortável
Mesmo que isso não seja útil


O vento nos levará
Tudo vai desaparecer mas
O vento vai cuidar de nós


O cuidado e o desprezo
E essa ferida que nós mantém divididos
O palácio de cada dia
De hoje e de amanhã


O vento nos levará


A genética em suas costas
Cromossomos na atmosfera
Táxis pelas galáxias
E meu tapete voador


O vento nos levará
Tudo vai desaparecer mas
O vento nos guiará


O perfume dos nossos anos mortos
Que batem em sua porta
Infinidade de destinos
Nós vivemos alguns, mas qual queremos conservar?


O vento nos levará


Enquanto a maré sobe
E todo o mundo está fazendo contas
Eu sigo sua sombra
Pedaços de você


O vento nos levará
Tudo vai sumir mas
O vento nos guiará



Novos ares.... quarta vida....

Pessoas! Passando por aqui pra avisar que este maravilhoso e enriquecedor espaço de divagação encontra-se permanentemente reativado.

Aguardem por mais postagens....

sábado, 31 de julho de 2010

Há metafísica numa lata de fermento em pó Royal?

Com licença, passando por aqui, hoje, para deixar esse texto...


“Eu me lembro de que, quando era pequeno, o fermento em pó Royal tinha como rótulo uma lata de fermento em pó Royal. E essa lata de fermento em pó Royal tinha como rótulo uma lata de fermento em pó Royal. E essa lata de fermento em pó Royal que era o rótulo do rótulo da lata de fermento em pó Royal tinha como rótulo uma lata de fermento em pó Royal e assim sucessivamente até o infinitamente pequeno. Se a gente tivesse um enorme microscópio capaz de ver a menor partícula da matéria, lá estaria ainda uma mínima, mas obstinada, lata de fermento em pó Royal. Como o infinitamente pequeno só pode seguir em direção ao infinitamente grande, eu, acordado à noite, imaginava que talvez nossa galáxia estivesse contida em uma enorme lata de fermento em pó Royal, que por sua vez estaria envolvida por uma imensa lata de fermento em pó Royal e esta, por uma monumental lata de fermento em pó Royal. Deus, então, seria uma descomunal lata de fermento em pó Royal.”
Fala do ator Paulo José na peça Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar, escrita por Maria Helena Kühner

Publicado originalmente em Blog por Armando Antenore

segunda-feira, 26 de julho de 2010

E se as pessoas realmente dissessem aquilo que pensam?

Esse texto ainda concentra uma certa atualidade....



Preocupar-se com originalidade, principalmente agora, em tempos de internet e hipertexto, é uma tarefa quase inútil, uma vez que as ideias coadunam-se como sempre coadunaram-se. E atualmente é muito mais fácil descobrir alguém desenvolvendo exatamente o mesmo argumento que você, seja na Tailândia ou em Mateus Leme: para isso basta um simples acesso ao Google.
Com esse espírito, falarei hoje sobre um assunto a meu ver muito interessante, que tem feito parte da vida da maioria das pessoas há anos, ou melhor, há séculos: a mentira. Deixo claro que não verei aqui o ato de mentir somente como algo negativo, depreciativo, mas como algo que faz parte da existência humana, que nos torna maiores ou menores.
Assistindo a um episódio do seriado americano "Seinfeld" (um dos meus prediletos, por sinal) deparei-me com uma pergunta feita pelo protagonista do show, logo na primeira cena: “E se as pessoas realmente dissessem tudo o que pensam?" Segundo o comediante, o mundo ficaria inviável, a convivência seria inviabilizada. Não sei se concordo ou discordo com tal radicalismo, portanto, aprofundemos.
Para este simples ser pensante que vos dirige essas tão ressaqueadas palavras, a verdade é nada mais nada menos do que a perfeita expressão da realidade. Tão óbvio quanto essa assertiva é a capacidade que temos de falsear uma verdade quando não achamos conveniente dizê-la de bate-e-pronto.
Para ilustrar, tomemos como exemplo o comportamento verbal da mais sincera criatura que habita a terra: a criança. Na semana passada deparei-me com uma situação interessante. Estava numa lanchonete apreciando um delicioso pastel frito de carne (uma das minhas comidas prediletas), quando chegou um pai acompanhado de um casal de filhos. Fizeram suas escolhas, comeram salgadinhos, pães de queijo e tomaram refrigerante. Quando terminaram e o pai se apresentava para pagar a conta, o menino apontou para um cartaz de polpas de frutas e disse:

- Pai! Olha quanta fruta tem aqui! Tudo colorido!

Uma simples admiração frente ao marketing bem-empregado da oferta excessiva, não fosse pela falseação discursiva utilizada por esse pequeno homem de aproximadamente 9 anos. Sei que ainda não ficou claro o que quero dizer, então, vamos ao esqueminha:



Podemos concluir, através da observação desse cotidiano exemplo que a criança, no intuito de atingir seu objetivo, opta por não dizê-lo diretamente, evitando um não que, administrado com muito cuidado, pode converter-se em um possível sim.
Após esse inverossímil exemplo, protagonizado por uma criança que busca uma alimentação mais saudável, se ainda não ficou claro onde quero chegar, vamos a um exemplo de comportamento discursivo mais adequado à realidade adulta.
Imagine aquela amiga que acabou de cortar o cabelo, estabelecendo uma mudança radical em sua vida, vem até você e pergunta se ficou bom. Voltemos ao esquema:


Dessa forma, imbuídos da habitual pretensão acadêmica desse blog, revisitando a teoria psicanalítica, percebemos,no seu cerne, a seguinte afirmação: onde houver id haverá ego à custa de dor, frustração, aceitação e amadurecimento, ou seja, conforme conclusão obtida em uma conversa descompromissada com um aluno do meu curso permanente de gastronomia, numa aula de risoto de gorgonzola com pêra: é preciso que não mintamos a nós mesmos, que não nos enganemos com falseações da realidade que nos levam a equívocos e decisões desacertadas. Uma mentirinha aqui, outra ali, são necessárias para um convívio harmônico entre os homens. O que não podemos, é nos enganar e inventar uma realidade paralela para nós mesmos, com o perdão da redundância.

Obs.: Para os que ficaram curiosos com o risoto, deixo a receita.

Ingredientes
02 xícaras (chá) de arroz arbóreo
05 colheres (sopa) de queijo gorgonzola
02 colheres (sopa) de azeite de oliva
01 colher (sopa) de manteiga
½ cebola picada
01 xícara (chá) de vinho branco seco
1 ½ de caldo de galinha (se for usar cubos, dissolva apenas 2)
02 pêras
Queijo parmesão ralado a gosto
Pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Modo de Preparo

1. Leve uma panela com o caldo ao fogo alto. Quando ferver, abaixe o fogo para o mínimo possível.

2. Descasque as pêras e corte-as em fatias de 1 cm espessura. Corte as fatias em tiras de 1 cm de largura e as tiras em cubos de 1 cm. Transfira os cubos para uma tigela e regue com o suco de 1/2 limão para que as peras não escureçam. Misture bem e reserve.

3. Numa panela, acrescente o azeite e leve ao fogo baixo. Quando estiver quente, coloque a cebola picada e mexa bem por cerca de 4 minutos ou até que fique transparente.

4. Aumente o fogo e acrescente o arroz. Refogue por 2 minutos, mexendo sempre.

5. Adicione o vinho e misture bem até evaporar.

6. Quando o vinho secar, coloque uma concha do caldo e mexa sem parar. Quando secar, adicione outra concha e repita a operação durante 15 minutos, sempre em fogo alto.

7. Acrescente o queijo gorgonzola e as peras escorridas à panela do risoto e misture bem.

8. Verifique o ponto: o risoto deve ser cremoso, mas os grãos de arroz devem estar al dente, ou seja, um pouco durinhos. Porém, se ainda estiver muito cru, continue cozinhando por mais 1 minuto. Se for necessário, junte um pouco mais de caldo e mexa bem. Na última adição de caldo, não deixe secar completamente ou o resultado será um risoto ressecado.

9. Desligue o fogo, acrescente a manteiga sem misturar e tampe a panela. Neste ponto, todos os convidados devem estar à mesa.

10. Tempere com a pimenta-do-reino, de preferência moída na hora, mexa o risoto vigorosamente, divida em quatro pratos e polvilhe com o queijo parmesão, cerca de 1 colher (sopa) por prato. Sirva imediatamente.

Nota: Não é necessário temperar com sal, pois os queijos e os cubos de caldo de galinha já são bem salgados.

À propósito, não utilizei pêra, pois aqui em casa não tinha. Utilizei melão, mas como uma mentirinha não faz mal a ninguém....

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Gosto se discute?

Para iniciar esse post, cito, um pouco constrangido devido a superficialidade do assunto do qual irei tratar, um artigo da professora Maria da Graça Jacintho Setton, publicado no site da revista Cult, edição 128 (http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/uma-introducao-a-pierre-bourdieu), em que, de forma muito competente e didática, aborda-se, dentre outros assuntos, a produção do gosto, ou seja, a gênese do conjunto de preferências, escolhas que um indivíduo faz no decorrer de sua vida.
Sem dúvida, concordo com a máxima popularesca de que gosto é igual ânus, cada um tem o seu, mas também concordo com Pierre Bourdieu, citado por Setton, que afirma que “o gosto seria, (...) o resultado de imbricadas relações de força poderosamente alicerçadas nas instituições transmissoras de cultura da sociedade capitalista”, ou seja, uma produção que encontra respaldo numa esfera mais coletivizada, social.
Individual, coletivo, o que importa mesmo é que o gosto por determinadas coisas nesse mundo têm levado várias pessoas, curiosas ou entediadas, a enveredar-se por caminhos prazerosos ou não, no intuito de conhecer, vivenciar, descobrir, redescobrir...
Nessa de conhecer, vivenciar, descobrir ou redescobrir as coisas, movido por meu “gosto” peculiar por coisas gordurosas e “mal-emjambradas”, vi-me, nesta última quarta-feira, dia 14 de julho, imerso em um grande acontecimento social: uma feirinha (essas de rua, com gente, barracas e fumaça, de fritura e de cigarro), localizada na Rua Araguari, bairro Santo Agostinho, aqui em Belo Horizonte. Lugar interessante, pessoas bebendo cerveja, ou melhor, Skol e Brahma, latões ou latinhas, degustando guloseimas das mais variadas formas e texturas.
Lá estava eu, “embriagando-me” com uma lata quente de cerveja (tsc.) e segurando uma porção fria de feijão tropeiro, quando fui indagado por um amigo que perguntou a mim e a si mesmo o porquê das pessoas trocarem o conforto de um bar, com mesas e iluminação impecável, pelo ambiente semi-limpo, semi-cheio, semi-confortável de uma feira no meio da rua, com direito a banheiros químicos, banquinhos e esquema de distribuição de caixas de isopor com latinhas de cerveja para os habitués.
Concordando com o meu nobre conviva, acho que uma palavra resume tudo isso: despojamento. Vamos ao conceito. Despojamento, segundo é o ato de despojar, ou seja, privar do que revestia, adornava ou cobria; despir; desnudar. Será que o que leva as pessoas a uma feirinha de rua, sem nenhum conforto para o consumo, é a necessidade de despir-se da máscara social, adquirida através da forçosidade da vida cotidiana, consubstanciada num convívio social pós-moderno que ainda pede uma ostentação digna dos tempos do romantismo? E se esse despojamento fizer parte de uma rede de ações que algumas mentes pretensamente contestadoras assumem, no ímpeto de criticar um comportamento social que está posto e referendado por uma cultura baseada muito mais na aparência do que na essência das coisas? Sem dúvida são boas vias de acesso para um caminho de análises mais profundas.
De qualquer forma, cumprindo o papel a que se presta esse singelo blog, se esse post despertou no leitor a vontade de conhecer tal feirinha, por despojamento ou por curiosidade gastronômica, experimentem o feijão tropeiro da barraca da Loira para se arrependerem, com exceção do torresmo e do ovo frito que o acompanham, além do frango com ora pro nobis, de uma barraca da qual não lembro o nome, mas que, com certeza frequentarei na próxima quarta-feira, para degustá-lo pela primeira vez.